Venho chamar a atenção para um número exponencial de abandono das mulheres após o diagnóstico do câncer. Os números são alarmantes: a cada 100 diagnósticos de câncer, 70 mulheres sofrem com o abandono afetivo de seus companheiros, de seus maridos. Esses dados são da Sociedade Brasileira de Mastologia, provenientes de um estudo realizado por eles. Portanto, viemos trazer esses números porque entendemos que existem propostas para mudar essa realidade, não precisamos esperar por uma mudança em nível nacional. Nossa cidade pode fazer a diferença e, para isso, viemos trazer o debate e também fazer algumas propostas de intervenção.
Suporte e atendimento
Então, a primeira coisa antes do abandono são as soluções que seriam necessárias antes desses números alarmantes. O que fazemos com as estatísticas? Utilizamos essas estatísticas para promover mudanças. Portanto, não adianta termos estudos se não tivermos propostas de intervenção posteriormente. Acredito que, no momento desse diagnóstico, toda a família deve receber essa informação. O diagnóstico não deve ser individual, uma vez que afeta toda a família. Esse é o primeiro ponto, pois acredito que a mudança deve partir da mulher. Além disso, é necessário ter uma proposta em nível macro, como campanhas educativas, para que os meninos entendam o valor do afeto, do cuidado e da sua participação na sociedade, inclusive no cuidado com os filhos, familiares e esposas. Essas propostas estão sendo apresentadas aqui na Câmara.
A gente fez essa solicitação há algum tempo, mas para nossa surpresa, o tema foi tão relevante nacionalmente que já foi realizada uma audiência pública no Congresso Nacional, com algumas propostas também a nível nacional. Aqui na Câmara, trouxemos possibilidades de que a municipalidade, em âmbito municipal, possa tratar. Portanto, campanhas municipais de conscientização e trabalhos nas escolas municipais com crianças ainda pequenas. Assim, cuidamos da criança pequena para que ela entenda o valor do cuidado. Além disso, também interferimos naquela mulher que está sofrendo agora, dentro dos Cras, dos Centros de Referência, dos Hospitais Municipais e de onde essas mulheres estejam fazendo seus tratamentos.
Hoje, eu acredito que vocês também possam ter ouvido a nossa proposta de audiência pública. Nós trouxemos uma audiência pública a nível municipal, cuja presidente é uma mulher. Inclusive, acho que essa fala se torna ainda mais importante por ser a primeira mulher. Além disso, falando em estatísticas, podemos perceber o quanto as mulheres estão invisibilizadas na sociedade quando deixam de ocupar cargos públicos. Portanto, acho que a nossa presidente recebeu bem a proposta e já se colocou à disposição para realizar a audiência pública. Convido todos vocês, profissionais da saúde, profissionais de psicologia e sociedade civil em geral, para participarem.
Matéria: João Paulo