No jogo dos Bolsonaros contra o Brasil, Lula cresce e pode deixar ACM Neto e Rodrigo Hagge sem saída em 2026.
ACM Neto (União Brasil) e o ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB) em evento eleitoral em Itapetinga.
Pesquisas internas do Palácio do Planalto já apontavam uma recuperação de Lula após a crise gerada pela derrubada do IOF no Congresso, medida que o governo defendia como uma taxação sobre os mais ricos. Com a queda do decreto, a estratégia de comunicação do Planalto se ajustou: o mote "pobres vs. ricos" ganhou força, e a popularidade do presidente voltou a subir. A virada foi sentida não apenas nos números, mas também nas ruas e nas redes sociais, onde a esquerda intensificou seus ataques.
A vitória de Lula, no entanto, se consolidou com um movimento inesperado: a articulação dos Bolsonaros com Donald Trump resultou em uma retaliação comercial dos EUA, com taxação de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, comemorada inicialmente por Eduardo Bolsonaro (PL) e agradecida publicamente por Jair Bolsonaro (PL), pode gerar desemprego em massa e prejuízos bilionários, especialmente no agronegócio, base eleitoral do bolsonarismo.
Nos bastidores, políticos de diferentes espectros avaliam que a jogada dos Bolsonaros para proteger Jair da prisão saiu pela culatra. Enquanto o ex-presidente perde a imagem de "defensor da pátria", Lula capitaliza o desastre, posicionando-se como o líder que enfrenta os EUA em defesa do Brasil.
Se o tsunami pró-Lula se confirmar nas próximas pesquisas, a direita pode enfrentar um colapso eleitoral. Na Bahia, ACM Neto (União Brasil) assiste à sua candidatura a governador definhar. Seu principal aliado nacional, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e admirador declarado de Trump, mostrou-se completamente despreparado diante da crise. Suas tentativas de negociar com subalternos da Casa Branca e até de articular um "salvo-conduto" para Bolsonaro no STF viraram piada nas redes sociais e na imprensa.
Análise: Não resta dúvida de que Trump e Bolsonaro são os maiores cabos-eleitorais de Lula.
Se ACM Neto apostava em Tarcísio como âncora para 2026, o plano naufragou. Em um estado historicamente petista, um nome atrelado ao bolsonarismo em declínio é mais um peso morto do que uma vantagem. E se a onda Lula crescer, o ex-prefeito de Salvador pode ter que repensar sua carreira política, ou desaparecer do jogo.
Enquanto ACM Neto patina, outro ex-prefeito, Rodrigo Hagge (MDB), de Itapetinga, possivel candidato a deputado estadual, enfrenta um beco sem saída. Apoiador de ACM na cidade, Rodrigo agora se vê isolado: seu próprio tio, o prefeito Eduardo Hagge (também do MDB), declarou apoio à reeleição do petista Jerônimo Rodrigues. Sem base e sem aliados fortes, Rodrigo corre o risco de ficar "no mato sem cachorro".
Para sobreviver, terá que se reinventar: ou se equilibra entre o carlismo e o petismo, ou muda de lado antes que a campanha comece. Se ACM Neto não decolar, a única saída para Rodrigo Hagge será abandonar o barco, antes que ele afunde de vez e abraçar os petistas.
O recado está dado: na política, ou você surfa a onda ou vira afogado. E, pelo visto, Lula pegou a armação perfeita.
É Lula, é Bahia.