Em São Paulo, CIATox-BA participa de eventos de vigilância e controle de acidentes por animais peçonhentos

O Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox-BA) participou, ao longo da última semana, de eventos que reuniram especialistas de diversos estados do Brasil e demais países da América Latina e Caribe, no Instituto Butantan, em São Paulo, para discutir sobre protocolos, novas tecnologias e ampliação do acesso aos antivenenos na Região.

Nos dias 18 e 19 de agosto, o CIATox-BA, que coordena o Programa de Vigilância e Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos na Bahia desde 1980, representou o estado no IV Encontro Nacional de Vigilância e Controle dos Acidentes por Animais Peçonhentos. O evento reuniu gestores, pesquisadores e profissionais da saúde de todo o Brasil, incluindo representante da Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (ABRACIT), do Instituto Butantan e do Ministério da Saúde, para discutir e atualizar planos e estratégias intersetoriais, visando a melhoria da assistência às vítimas de picadas por animais como escorpiões, serpentes e aranhas, bem como a redução do número de casos. Foram abordados temas como o programa nacional de produção de soros antivenenos, políticas públicas e a descentralização dos soros.

“Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que o país registrou 337.607 acidentes com animais peçonhentos em 2024, com 442 óbitos (0,13%) pelo agravo, enquanto 34.153 ocorreram na Bahia, com 50 óbitos (0,15%)”, afirmou o diretor do CIATox-BA, Jucelino Nery. Ele lembrou ainda que o aumento na ocorrência desses agravos desde 2017 até 2024 foi de 34% a nível nacional e 38% no estado, e destacou o empenho do CIATox para a redução da morbimortalidade deste agravo.

Neste sentido, o CIATox retomou neste ano as capacitações presenciais para profissionais de saúde, já contemplando 37 municípios das regiões de Teixeira de Freitas e Itaberaba, estando outras regiões já com capacitações programadas para o próximo período. Além disso, tem buscado ampliar a sua capacidade de atendimento, bem como articulação para a ampliação dos polos de soroterapia no estado.

Na sequência de eventos, na quarta-feira (20) ocorreu o Seminário Internacional Integracion y Sustentabilidad como Pilares para el Enfrentamiento de los Accidentes por Animales Venenosos na América Latina y el Caribe, com a presença do coordenador regional de Zoonoses e Saúde Pública Veterinária do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa), Marco Antônio Vigilato, além de participantes do evento anterior. Nos dias 21 e 22 de agosto, por sua vez, aconteceu a Reunión Regional de Programas de Accidentes por Animales Venenosos de América Latina y Caribe.

Estes eventos permitiram o intercâmbio de conhecimentos científicos atualizados sobre o tema, além de conhecer o panorama desse desses acidentes na região da América Latina e Caribe, identificar os principais desafios para a vigilância e reforçar a necessidade de se promover a disponibilidade oportuna e a equidade no acesso aos soros antivenenos na região. Na ocasião, foi apresentado por representantes do Ministério da Saúde o Plano Nacional de Mitigação dos Acidentes Ofídicos, que, alinhado com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, propõe reduzir em 10% a incidência de casos e em 50% a mortalidade até 2030. As medidas incluem capacitação dos agentes comunitários de saúde, em especial aqueles que atuam em território indígena, fortalecimento dos serviços de assistência hospitalar e ampliação da cooperação entre áreas.

Um dos focos do debate também foi a descentralização dos soros, estratégia vista como essencial para garantir atendimento adequado nas regiões remotas do país. Com a redução da produção de soros antivenenos no país a partir de 2013, houve no período uma diminuição na Bahia, que chegou a registrar 50 unidades de saúde tidas como polos de soroterapia antiveneno com estoque regular desses insumos. Com a melhora na produção dos soros, a Bahia já apresenta, atualmente, 185 polos regulares e com previsão de futura ampliação da rede com as novas capacitações que ocorrerão nos próximos meses, objetivando também melhor qualificar a assistência local, reduzindo a necessidade de transferência dos pacientes.

Durante o evento foram abordados ainda a utilização de ferramenta que permita registros mais assertivos do uso dos antivenenos, o fortalecimento do mapeamento das espécies de interesse em saúde, a proposta de uma nova ficha de notificação do agravo, destacando-se a necessidade de elaboração de mapas nacionais de risco, além da atenção à presença de espécies de escorpião ainda pouco estudadas, mas com potencial para se tornar de interesse médico.

Por: Sesab.

Foto: Divulgação 

Foto: Divulgação Manaus 

Foto: Divulgação 

Foto: Divulgação 

Foto: Divulgação 

Foto:Divulgação 


Postagem Anterior Próxima Postagem